HOMENAGEM AO GIGANTE ZIRALDO

HOMENAGEM AO GIGANTE ZIRALDO Por Cleusa Maria de Souza Nunes Vieira – Jornalista

Ziraldo Alves Pinto, filho de dona Zizinha e Sr. Geraldo, nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932. Logo aos 6 anos, publicou no jornal um desenho, iniciando sua trajetória de desenhista. Na adolescência, fazia caricaturas das pessoas e políticos da época. Seu amigo Nozito as vendia em uma mesa improvisada, em frente a uma loja de calçados.

Pedro e Ziraldo na Marquês de Sapucaí

Terminado o Ginásio e o Científico, prestou serviço militar no Tiro de Guerra, onde consolidou ainda mais sua amizade com Alan Viggiano, Galileu Bonifácio, Pedro Vieira e Antônio Pimentel. Tudo começou na praça Cezário Alvim, a praça das Palmeiras de Caratinga. Ziraldo criou o nome do seu time de basquete VIGAPEPIZI ( Viggiano, Galileu, Pedro, Pimentel e Ziraldo) que disputou torneios com outros times do Exército da região. O prêmio ao vencerem, era serem dispensados durante uma semana, pelo Sargento Cetime, da chamada na Ordem Unida, às 6:00h da manhã.

Os amigos combinaram de vir para Belo Horizonte fazer faculdade, onde Ziraldo escreveu as histórias do Vigapepizi na revista “Era Uma Vez”. Galileu encadernou as revistas e as presenteou ao amigo.

Terminada a faculdade, cada um tomou seu rumo. Ziraldo foi para o Rio de Janeiro trabalhar na revista “O Cruzeiro”, a maior publicação de mídia da época, onde criou posteriormente a revista da “Turma do Pererê”. Ele batizou os bichos da fauna brasileira com o nome de seus amigos. Assim, o macaco passou a se chamar Alan; a onça Galileu; o tatu Pedro Vieira; o casal de João-de-barro Quiquica e Pimentel. O Saci, o personagem do folclore brasileiro, era representado pelo Ziraldo, com suas artimanhas e peraltices. Completou os personagens das histórias com a coruja Paulo Nogueira; o jabuti Moacyr Viggiano; o coelho Geraldinho, seu irmão caçula; dentre outros. Alan Viggiano escreveu uma matéria, no jornal de Brasília, onde era colunista, frisando a amizade da turma. “Éramos cinco amigos. Quando a vida nos deu diferentes rumos, inventamos uma frase: um dia há de chegar, em que tudo há de voltar.”

O tatu Pedro Vieira destacou que a criação da revista da “Turma do Pererê” os uniu ainda mais. “A revista sempre foi uma curtição para nós, onde cada personagem é tão valorizado que a noção de união sempre foi fundamental. Fomos presenteados com a amizade do eclético Ziraldo e pudemos conviver com o maior escritor infantil da América Latina. Nos encontrávamos sempre em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Caratinga ou no Rio de Janeiro, fortalecendo nossa amizade de 8 décadas.”

HOMENAGEM AO GIGANTE ZIRALDO A revista da Turma do Pererê fez o maior sucesso, percorrendo o Brasil e o mundo, imortalizando seus amigos de infância. Ziraldo comentou que ir à banca de revista comprar uma criação sua, foi a maior curtição profissional da sua vida naquele momento.

Cleusa, Larissa, Lucca, Ziraldo e Pedro no apartamento do cartunista no RJ

Posteriormente, escreveu o livro “Flicts”, a história de uma cor que não se encontrava no arco íris. O consagrado livro “O Menino Maluquinho”, veio logo a seguir, sendo traduzido e publicado em diversos idiomas. Conseguiu uma tiragem de 120 mil exemplares na primeira publicação. Escreveu mais de 130 livros, a maioria para o público infantil. Foi um dos criadores do jornal “O Pasquim”, revolucionário veículo de contestação ao Golpe Militar de 64.

Ziraldo, esse gênio de Caratinga, nos deixou, mas seus livros e sua trajetória de vida nos acompanhará por muitas décadas. Cartunista, roteirista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, poeta, cronista, caricaturista, desenhista, apresentador, jornalista consagrado, essas são as várias profissões deste brasileiro que amava trabalhar. “O tempo que se leva para sonhar é o mesmo tempo que se leva para criar.” Assim, trabalhava feliz, produzindo obras inesquecíveis.

HOMENAGEM AO GIGANTE ZIRALDO Falar de ecologia com bichos totalmente brasileiros e na defesa da natureza em 1960, nos quadrinhos da “Turma do Pererê”, foi histórico. À época, o habitual era a devastação da natureza para a criação das cidades e estradas. Escrever sobre uma cor que não se achava no arco íris, no livro “Flicts”, era falar de pertencimento, na época de 1970. Escrever sobre o “Menino Marrom” era falar em diversid ade de cor, em 1980.

Uma vez, disse ao Ziraldo que a palavra que o caracterizava era futuro. Ele perguntou por qual motivo? Respondi que ele sempre estava muito além de seu tempo, seja nas histórias infantis, seja em suas pinturas dos “Zeróis”, onde ele caracterizou os super heróis Homem Aranha, Super Homem, Capitão América, como idosos; seja na formação de crianças, que devem aprender a ler e brincar, pois assim, estes serão adultos felizes.

 

 

5 thoughts on “HOMENAGEM AO GIGANTE ZIRALDO

  • 5 de maio de 2024 em 11:05
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    Ziraldo deixa um legado de cultura e criatividade agora foi passear na lua flict…

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  • 5 de maio de 2024 em 13:37
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    Falar sobre alguém tão eclético nos inspira a acreditar num mundo melhor, mais humano e democrático. Ziraldo nos mostrou ser possível através de seus personagens e histórias.

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    • 6 de maio de 2024 em 20:10
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      Agradeço ao Ziraldo por fazer parte das minhas aulas e ajudar tantos alunos a aprenderem a ler livros com tanto significado de forma divertida. Além disso, fico muito feliz quando lembro que ele fez parte da formação da minha filha. Os frutos foram colhidos: hoje ela escreve textos e poemas incríveis.

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  • 5 de maio de 2024 em 14:22
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    Falar sobre alguém tão eclético torna nosso mundo melhor, mais humano e democrático. Ziraldo foi capaz de nos mostrar que isso é possível através de seus personagens e histórias.

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  • 6 de maio de 2024 em 21:39
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    Agradeço ao Ziraldo por fazer parte das minhas aulas e ajudar tantos alunos a aprenderem a ler livros com tanto significado de forma divertida. Além disso, fico muito feliz quando lembro que ele fez parte da formação da minha filha. Os frutos foram colhidos: hoje ela escreve textos e poemas incríveis.

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