A ESTÉTICA DO GRITO TRANSFORMADO EM GESTO
A ESTÉTICA DO GRITO TRANSFORMADO EM GESTO
Por Valdelice Neves
Imagens do Interativo
(Fragmentos de cidades)
O Trabalho é um diálogo entre a pintura e a gravura em metal, ambos universos imagéticos, estáticos e bidimensionais, com a imagem em movimento do vídeo e da performance, dando vida à obra na tridimensionalidade.
Com este espetáculo, busco expandir significativamente todas as possibilidades prévias, derrubando as diversas limitações impostas pelo suporte convencional, por intermédio de projeções no céu, na água e nas paredes cegas dos edifícios.
Tendo interesse em compartilhar com o público tais observações, foco o meu olhar sobre os fragmentos além muros, além paisagem urbana – intencionalmente quero evidenciar os gritos de alerta e os conflitos do homem contemporâneo – a crise existencial – “o ser – aí“, “a especificidade do ser, do homem” – a estética da arte.
Quero enfocar a importância de uma sensibilidade que a arte contemporânea valoriza e se volta mais para as questões existenciais; é neste exato momento que o bailarino incorpora ao trabalho e ao universo dos pichadores, em sua total comunicação existencial, saindo do plano suporte e dando vida à obra na tridimensionalidade do movimento, se fundindo com as imagens projetadas como se entrasse em uma nova dimensão. Refletindo a poética visual, o que se encontra sublinhado no atual momento está objetivamente relacionado com o urbano, em suas densidades existenciais e expressivas; como se fossem tentativas de resgate da memória de um presente que se esvai num futuro, antecipado pela constante aceleração cotidiana.
Como muitos outros habitantes das grandes cidades, também procuro administrar a inconsistência de espaços e tempos, transformados em imagens, cuja onipresença é garantida por um progresso tecnológico descuidado com a sensibilidade humana.
Para tanto utilizo a técnica milenar da gravura em metal, registros fotográficos unindo novas tecnologias das projeções a laser, projetor, performance e vídeo instalação. E como agente transformadora – trabalho com a luz, e também vejo que a mesma é boa – e faço uso dela.
As gravuras em metal de minha autoria, se fundem com imagens de registros fotográficos de grafites e pichações urbanas, frotagem de muros, paredes e calçadas, associadas às projeções a laser e transparências exibidas por meio de retroprojetor; a estas mídias incorporo as ações – performance – de bailarinos, B Boys, B Girls e um DJ, além da minha ação em deliberar quais imagens deverão ser exibidas naquele exato momento, ruídos urbanos (colhidos por mim no cotidiano), e música instrumental compõem uma trilha exclusiva e única, para a obra. Tendo o ar, a água e as paredes cegas de edifícios, muros, e viadutos como prováveis suportes.
O que aqui está apresentado é resultado de vários anos de pesquisa, com a proposta de realização de espetáculos multimídias (performance, vídeo e etc.), na tentativa de se buscar outras alternativas para além do suporte, físico, estático e convencional, que aproximem a expressão artística de tempos e espaços reais.
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