Exposição “ AQUARELAS RECENTES”
Exposição “AQUARELAS RECENTES”
produzidas em 2024 por José Alberto NEMER
Por Cecilia Queiroz
A Lemos de Sá Galeria apresentou recentemente “Aquarelas Recentes, 2024”, nova exposição de José Alberto Nemer. Esta mostra destaca o domínio virtuoso do artista mineiro na técnica da aquarela, onde ele funde formas orgânicas e geométricas em telas de grandes e médias dimensões.
José Alberto Nemer, artista plástico e doutor em artes plásticas pela Universidade de Paris, possui uma sensibilidade versátil e uma atividade artística que transcende a criação. Atuando também como professor, curador, ensaísta de arte, entre outras funções, seu foco principal é o processo de criação em todas as suas manifestações. Nemer já participou de diversas exposições coletivas e individuais, tanto no Brasil quanto no exterior, além de marcar presença em salões e bienais internacionais.
Desafiando as cores delicadas e composições figurativas tradicionais da aquarela, Nemer propõe uma nova perspectiva, trazendo elementos originais ao seu trabalho. Ele utiliza com maestria as diversas tonalidades que a aquarela gera em seu percurso no papel, criando contrastes intensos, incomuns na técnica tradicional, e explorando grandes dimensões. Nemer entrelaça um sentido construtivo com um ímpeto orgânico, originando em criações únicas que absorvem a casualidade da aquarela.
A aquarela exige uma técnica rigorosa em qualquer linha de trabalho, pois o comportamento do pigmento diluído em água é imprevisível. Nemer abraça essa imprevisibilidade em suas obras, sem seguir um projeto prévio, tornando essa característica uma parte essencial de sua linguagem artística. Dessa forma, como o artista diz, a aquarela o ensina sobre a vida e, assim, o artista nos ensina também.
Exposição “ AQUARELAS RECENTES”
FRAGMENTOS DE CRÍTICA
“[…] Os desenhos de Nemer têm esta fascinação: a pulsação rítmica que nasce do seu traçado inscreve-se na memória, marca bem o que neles é pura presença do tempo […].”
Antônio Dacosta. “Nemer mostra seus desenhos em Paris”, O Estado de São Paulo, SP, 17 de junho de 1978.
“[…] A falta de pressa em mostrar esse conjunto de trabalhos, após um sucesso tão rápido no desenho, acabou sendo vantajosa para Nemer. Ele trocou o virtuosismo do traço pela intensidade da emoção e ganhou mais brilho na maneira como converte em pequenas miniaturas suas fantasias pessoais […].”
Casimiro Xavier de Mendonça. “Cartas de Minas”, Revista Veja, SP, 1985.
“[…] O primeiro impacto diante de sua exposição, é o virtuosismo nessa técnica dificílima, que Nemer domina, a esta altura, como poucos artistas no Brasil. Mas ela não se esgota aí. Mais introspectivo, mais ‘ mineiro’, concentra aqui três anos de trabalho em trinta pequeníssimas obras extremamente requintadas. Sem dúvida pode-se falar, aqui, do momento do encontro do artista com sua plena maturidade […].”
Olívio Tavares de Araújo. “Ilustres Forasteiros”, Revista Isto É, SP, 3 de julho de 1985.
“ […] É deslumbrante, primeiro, a qualidade mantida ao longo de tantas obras. Depois, o cuidado na realização da mostra, com poder de retirar as exposições do sítio socialmercadológico e reprojetá-la como um acontecimento em que a inteligência do olhar é celebrada […].”
Walter Sebastião. “Mostra de Nemer termina na quinta”, Estado de Minas, BH, 27 de setembro de 1994.
“ […] Desenhista de um virtuosismo singular, Nemer deixa as paisagens reais e imaginárias demarcadas na obra anterior, para trabalhar as dimensões mais sutis de sua arte. Desenvolve agora um repertório infindável de signos, criando mais e mais formas que se alternam nas irradiações projetadas no espaço branco do papel […].”
Angelo Oswaldo. “Fruição máxima de sutileza”, Estado de Minas/Caderno Pensar, B H, 13 de dezembro de 1997.
“ […] A monumentalidade das composições não exclui a abordagem individual e miniaturizada de cada motivo formal, incorporando as sutilezas cromáticas e os requintes matéricos que constituem o fascínio e o encantamento da aquarela.”
Frederico Morais, Catálogo da exposição “Nemer, Aquarelas recentes”. CCBB, Rio, 1999/2000.
“[…] José Alberto Nemer tem, no contexto da arte no Brasil, uma posição singular: é um autor que desenvolve toda sua (bela) obra utilizando o desenho. Paisagens de refinada elaboração, realizadas inicialmente, transformaram-se em imagens enigmáticas, interessadas mais na alma que no corpo. Produções recentes trazem textos de signos não verbais, de vibração lúdica e filosófica […].”
Walter Sebastião. “A Idéia do Desenho”, Belo Horizonte, 1999.
“[…] Quanto ao artista Nemer, posso assegurar que nunca a sua obra esteve tão tranquila e chegou tão perto da perfeição. Perfectum: o que foi feito cabalmente, o que está pronto e acabado, o que deu certo, a grande réussite. É o que acontece nessas aquarelas de grande beleza e qualidade. […] Ao que eu saiba, ninguém nunca, em qualquer tempo, fez aquarelas das dimensões dessas, de Nemer. Mas, a despeito do tamanho, elas permanecem, definitivamente, aquarelas. Conservam sua natureza de música de câmara, e não sinfônica, delicada, econômica, sempre transparentemente instrumentadas. Parece-me terem fluído com a naturalidade, quase, de uma fonte. […]”
Olívio Tavares de Araújo. Catálogo da exposição “Nemer, Aquarelas recentes”. Circuito dos Centros Culturais do Instituto Moreira Salles, 2003.
“[…] A mancha é soturna, misteriosa, um enigma tão atraente quanto arriscado. Quanto à geometria, contrariando o que o senso comum pensa dela, em lugar de sisuda e altiva, desenovela-se exultante. O resultado é um exemplo superior da busca poética de José Alberto Nemer, um achado sublime no qual o orgânico coincide com o geométrico, fundem-se.”
Agnaldo Farias. Catálogo da exposição “Nemer, Aquarelas recentes”. Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2021.