Mais de um mês na Cidade Eterna
“Finalmente in questa capitale del mondo”
Por: Luiz Guadalupe
Cônsul Honorário da República Theca
Mais de um mês na Cidade Eterna. “Finalmente in questa capitale del mondo” Com esta frase, escrita em seu diário, o poeta e escritor alemão Goethe, começa o relato de sua tão desejada, sonhada e esperada viagem a Roma. Esta cidade sempre foi motivo de desejo de vários escritores, poetas, pintores europeus e do mundo inteiro, pela sua história, beleza arquitetônica e acervo artístico. Ao visitarem Roma, escreveram sobre suas experiências na cidade. Com estes famosos relatos o desejo de conhecer e explorar a cidade aumentou, mundialmente. Para mim, Roma é a mais bonita, mais fascinante e agradável cidade do mundo! Você caminha pela cidade como se estivesse visitando um museu, com obras de arte espalhadas a céu aberto. A cada esquina, a cada rua, uma obra de arte ou lugar histórico. A primeira vez que a visitei foi em abril de 1972, no final de um período de estudos em Paris e Oxford. Foi umaexperiência maravilhosa! Hospedei-me em uma pensão na Piazza Navona, naquela época, esta belíssima praça, uma das mais belas do mundo, ainda tinha tráfego de carros. Hoje é somente de pedestres. Foi amor à primeira vista.
Depois, com minha atividade de agente de viagens, tive muitas oportunidades de visitar Roma, a trabalho e a passeio. Este ano resolvi ficar mais tempo e aluguei um apartamento por 5 semanas. Levei comigo para reler localmente, o instigante e instrutivo “Amor a Roma” de Afonso Arinos, também um apaixonado por Roma. Ótimo guia histórico e cultural. O apto fica a 150 metros da Piazza Navona e considero a melhor localização de Roma. Perto de tudo, dá para ir a pé ao Pantheón. Castel Sant’Angelo, Vaticamo, Via del Corso, Campo dei Fiori, Piazza Venezia, Piazza del Popolo de Espanha etc. Cheguei no início de abril e voltei em maio. Ótima temperatura!
Como disse, a cidade é um museu. Saindo de meu apto, num raio de 300 metros, tinha a Piazza Navona, com a famosa Fonte dos 4 Rios de Bernini, a igreja de Santa Agnes, de Borromini e a Embaixada do Brasil. O Panthéon, AaIgreja de São Luís dos Franceses, com 2 obras de Caravaggio, a Igreja de Santo Agostinho, com outro Caravaggio, a Igreja de Santo André della Valle com um belíssimo altar de Bernini. A Igreja de Santo Inácio de Loyola, onde pregou nosso Padre Antônio Vieira, o Palazzo Madama, sede do Senado, a coluna de Marco Aurélio, para não me alongar mais. Tive muito tempo para visitar outra vez os tradicionais lugares mais conhecidos, como Galleria Borghese, Galleria Barberini, Castel Sant’Angelo, Basílica de São Pedro etc. No domingo de Páscoa consegui assistir à uma missa na Basílica de São Pedro, na capela principal. Roma é muito maior que aquele charmoso centro histórico onde eu me hospedei. Recomento para alguém que fica mais tempo que compre um passe de ônibus de uma semana. Com este passe você tem liberdade de andar de ônibus, metrô, bonde e até nos trens suburbanos. O transporte público é muito bom e os ônibus confortáveis. Assim, com esta facilidade, todas as manhãs saía para explorar a cidade e visitar lugares por mim desconhecidos.
Via Appia Antica, sempre falada e quase sempre sem tempo para visitá-la. Lá estão as famosas catacumbas que antes eu levava meus
grupos, mas hoje sem muito interesse. Visitei lá outros lugares, como a Igreja do Quo Vadis, a Villa do Imperador Massênzio e o Mausoléu de Cecilia Metella. O parque da Appia Antica é o maior parque urbano da Europa. Comecei visitando o Museu das Muralhas de Aureliano, único local onde se pode andar pelas muralhas, de onde se pode ter uma belíssima vista de Roma e da Via Áppia Antica. Queria também conhecer museus que não são muitos visitados por turistas, como o Museu da Fundação Crocetti, na Via Cassia. Lindo museu e belos trabalhos do grande escultor Venanzo Crocetti. Para se ter uma ideia da importância de Crocetti, no Museu Hermitage de São Petersburgo há uma sala inteira dedicada a ele. Ele é também conhecido por ter feito o Portão dos Sacramentos na Basílica de São Pedro e também por ter sido presidente da conceituada Academia San Lucca.
Outros museus que visitei pela primeira vez: Museu Carlo Billoti, dentro do Parque da Villa Borghese, onde havia uma exposição do escultor Pericle Fazzini, autor da última obra comissionada pelo Vaticano, a Ressurreição. Este museu, doado à Roma pelo grande empresário Billoti, contém o maior conjunto de obras de De Chiricco, seu amigo pessoal. Ainda dentro da Villa Borghese, há o Museu Pietro Canônica, também escultor, pintor, compositor e senador, autor de bustos e retratos da alta realeza e aristocracia do final do final do século XIX e século XX. Isso sem falar no maravilhoso Museu da Villa Borghese, que também está dentro do Parque que é o coração verde da Cidade Eterna.
Um apaixonado pela Sétima Arte, sempre tive vontade de conhecer os Estúdios da Cinecittà. Passei lá uma manhã inteira, visitando os locais de filmagens de grandes clássicos italianos. Tem uma ala totalmente dedicada a Fellini. Falando de música, Roma tem o famoso Parco della Música. Moderna construção que abriga a centenária Accademia di Santa Cecilia, sede da Orquestra di Santa Cecilia. Tive o prazer de assistir a excelentes concertos como, Gloria com obras de Vivaldi, Legende e Preghiere dalla Boemia, entre outros. Já no Teatro da Ópera, vi Il Tabarro de Puccini e O Castelo de Barba Azul de Bella Bartok, o alegre e divertido ballet La fille mal gardée e o majestoso Poema Sinfônico Manfred, de Robert Schumann.
Ainda na região do apartamento está o tradicionalíssimo Teatro della Torre Argentina, onde Rossini estreou o Barbeiro de Sevilla. Lá estava em cartaz o belo musical de David Bowe, Lazarus. Outras belas atrações da Bella Roma: A Galleria Collona, que eu não conhecia, é um palácio que ainda pertence a esta família e a pinacoteca é riquíssima. Vale a pena visitar o palácio e as obras expostas. Fica bem perto da Fontana de Trevi. A Galleria Spada é outra joía de arquitetura e obras de arte. Fica perto do Campo dei Fiori e do Palazzo Farnese, Embaixada da França; La Farnesina, belíssimo palzazzo no Trastevere com os afrescos de Raphael é também imperdível.
Dá para perceber que deu para aproveitar e curtir quase todos os eventos culturais no período de minha estada. Mas, como Minas, Roma são muitas e não podemos esquecer a Roma Imperial. Visitei as Termas de Diocleciano, o Palazzo Massimo e o Palazzo Altemps, com belíssimos mosaicos e esculturas da antiga Roma. Como estava para começar o Torneio Internacional de Tênis, deu para ver algumas partidas da fase classificatória, no monumental Foro Itálico. O torneio começou depois de minha partida. A embaixada do Brasil está na Piazza Navona no majestoso Palazzo Pamphili, onde visitei 2 exposições de artistas brasileiros.
Roma é também conhecida pela sua gastronomia. Eu não sou de frequentar restaurantes muito sofisticados, gosto mais das trattorias e restaurantes tradicionais. Não pude deixar de repetir o Fettucine no Alfredo e o La Carbonara no Campo dei Fiori. A proprietária do apartamento que aluguei tem, bem próximo dele, uma trattoria que funciona desde 1944, fundada pelos avós. Fui lá algumas vezes e 2 amigos brasileiros que me visitaram no período gostaram muito. Apesar de estar em uma área turística, é frequentada quase que exclusivamente por moradores locais. Trattoria e Pizzeria Fiametta, na Piazza Fiametta. Outro bom e popular restaurante é Osteria da Fortunata, muito concorrido, tem unidades perto da Navona e no Campo dei Fiori. Como tinha uma cozinha muito bem equipada, me aventurei e consegui cozinhar. Comprava massas, legumes, verduras, queijos e carne no empório Eataly, tudo com a excelente qualidade Italiana.
Com muito tempo livre, sempre passava pela famosa Piazza di Spagna, também uma das mais belas do mundo, com sua Barca de Bernini e
com a belíssima Escalinata de Trinità dei Monti. Pouco conhecida de turistas, minha rua favorita nesta área é a pequena e charmosa Via Marguta, com seus antiquários e galerias de arte. No número 110, viveu Federico Fellini. Visitei o campus da Universidade La Sapienza, o bairro de Parioli, com seus animados bares e restaurantes locais, o bairro operário de Gabartella, que hoje é uma referência cultural e gastronômica. No dia primeiro de maio, muitas comemorações e eventos pelas ruas do bairro.
Nunca tive tempo para conhecer o Museu Casa de Goethe, na Via del Corso. Passei lá uma manhã em uma visita guiada. Com também uma visita guiada, conheci a Accademia di San Lucca, onde havia uma exposição de obras de Canova. Frequentei muito os bares e trattorias do charmoso bairro de Trastevere. Ao lado do Castel Sant’Angelo, à margem do Tibre, descobri o Bibliobar, bar com paredes formadas por livros. No terraço, no happy hour, música de boa qualidade ao vivo. Bem interessante, perto do apto.
Visitei outros museus, como o Museu Giovanni Barracco, de arte antiga, o Museu Boncompagni Ludovisi de Artes Decorativas, perto da Via Veneto e até o Museu Napoleônico, ao lado do apto. As Basílicas de Santa Maria Maior, São João de Latrão e São Paulo Fora dos Muros. As igrejas de Santa Maria del Popolo, com outro Caravaggio, Santa Maria sobre Minerva, Santo Antônio dos Portugueses, Santa Maria de Trastevere, onde assisti a um divino concerto de órgão. Foi realmente uma belíssima experiência. Poder passear por Roma, devagar e com muito tempo, foi muito gratificante. Não me esqueci do Coliseu, da Capela Sistina e dos Museus do Vaticano. É que, acompanhando meus grupos de turistas, visitei 10 ou mais vezes estes lugares e desta vez queria aproveitar outros aspectos das muitas Roma.
Arrivederci Roma!!!
Nossa Guto! Está foi uma viagem maravilhosa, hein! Meu irmão que mora em Paris também ama Roma. Eu acho linda! Mas ainda não tive tempo de ir em tantos lugares em Roma nas vezes que visitei a cidade.