PAIS DE PRIMEIRA LINHA 2021 – Homenagem póstuma ao Prof. Ernest Paulini

Homenagem póstuma ao Prof. Ernest Paulini

Ernest e Livia no laboratório dele do Departamento de Engenharia Sanitaria da UFMG

Este momento de homenagem a meu pai, Ernest Paulini pela Revista Primeira Linha me enche de alegria e de carinho muito forte, junto com minha mãe, Lívia Paulini, pois temos uma oportunidade ímpar de compartilhar com os leitores desta renomada revista, a pessoa incrível que ele foi sob todos os aspectos morais, intelectuais, culturais e de um conhecimento profundo na área científica. Um amor incondicional à pessoa humana, dedicação à sua família, um amoroso pai, dotado de uma ilimitada paciência, inesgotável persistência em seus objetivos, tenacidade em continuar lutando mesmo que o futuro iminente se apresente escuro.

Se alguém me perguntasse qual seria a sua qualidade mais significativa da sua personalidade eu destacaria a sua mansidão. Veio na minha lembrança o Evangelho de S. Mateus, capítulo 5 e versículos de 1 a 12 em que diz: “Bem-aventurados os mansos de coração porque verão a Deus”. É o olhar de meu pai que nunca poderei esquecer, um olhar terno, meigo e manso. No seu imenso currículo que abrange desde a conquista do diploma de engenheiro químico pela Universidade Real de Budapeste até a sua aposentadoria como Professor Emérito da Escola de Engenharia da UFMG, Vice-diretor da mesma instituição, os seus mais de 127 trabalhos científicos publicados, livros, capítulos de livros demonstraram a sua capacidade de trabalhar.

No Departamento de Engenharia Sanitária da UFMG sendo homenageado pelo Diretor da Escola de Engenharia da UFMG

Quando convidado para participar do controle de pandemias e flagelos para a Organização Mundial da Saúde e como consultor por longos vinte anos, a sua vida toda foi pautada em ajudar o seu próximo viajando pelos cinco continentes levando soluções para as nações mais necessitadas de urgente ajuda principalmente África, Ásia e Oceania.

Convivi mais de perto com meu pai nos laboratórios do então Instituto de Endemias Rurais Rene Rachou  aqui em Belo Horizonte fazendo projetos como a  despoluição da Lagoa da Pampulha pelos caramujos transmissores da esquistossomose por controle biológico e conseguimos grandes avanços nesta área e também pelos mosquitos transmissores da dengue e da malária. Fomos elogiados pela mídia científica por muitos países que conviviam com estes problemas.

A Segunda Grande Guerra em 1945 varreu a Europa e o bombardeio de Dresden marcou-o e a sua família como um evento extremamente trágico sem possibilidades de se esquivar dele devido à sua força destruidora, com mais de 250.000 pessoas carbonizadas vivas em menos de 2 horas de bombardeio. Foram momentos de tristeza profunda. Tenho um poema que ele escreveu e que mostra o seu lado poético que traduzi do húngaro e que coloco algumas estrofes:

“A BALANÇA DO ONIPOTENTE”
(Ernest Paulini)

“Luz e sombras, cores selvagens,
emoções fantásticas,
tormentas turbulentas ,
terremotos, inundações,
neblinas e nevascas,
caracterizaram a minha vida.

…embora o Verbo Santo diga
não deixai pedra sobre pedra,
a fé ancestral ilumina
e nos faz despertar a esperança
e florescer o amor.”

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