GLAMOUR & ELEGÂNCIA

SOCILA, UMA ERA EM QUE EDUCAÇÃO E GENTILEZA ERAM AS PALAVRAS DE ORDEM NA SOCIEDADE

(FOTOS ARQUIVO PESSOAL)

Era um tempo do mais puro glamour, quando a elegância imperava, e aconteciam coisas inimagináveis nos dias atuais. Um exemplo? O Brasil literalmente parava, para acompanhar, eletrizado, pelas telas das TVs em cores, o desfile de Miss Brasil, que lotava o Maracanãzinho. Maria Augusta Nielsen, fundadora da Socila, reinava absoluta, dirigindo o espetáculo

Maria Augusta e Maysa Ganz

Nos anos 1970, a carioca Maysa Ganz, estudante de Psicologia na PUC Minas, mudou-se para o Rio com o marido e os dois filhos pequenos. Enquanto providenciava a transferência do curso para a PUC do Rio, passeava ela por Copacabana, os pimpolhos na escola, viu uma placa da Socila, uma escola para modelos, mas também de etiqueta e boas maneiras. Entrou e ficou, primeiro como aluna aplicada, depois como professora de postura e andamento, além de braço direito de Maria Augusta e, por fim, sócia da Socila em Belo Horizonte.

 

A Psicologia nunca mais foi retomada, mas, anos depois, já dirigindo a Socila de BH, com quatro filhos, dos 2 aos 14 anos, ela cursou Medicina, profissão que exerceu na própria empresa, com tratamentos dermatológicos e endocrinológicos. Ainda hoje Maysa exerce a Medicina, agora na área de Trânsito.

 

Ela relembra os concursos de Miss Brasil, quando treinava as candidatas para os desfiles de vestidos de baile e maiô. Em um deles, o país ficou na dúvida: “duas irmãs gêmeas idênticas, lindíssimas, disputaram o primeiro lugar. Venceu o charme da nova Miss a ostentar a faixa, a irmã levou o segundo lugar”, conta.

 

Maria Augusta acabara de incluir tratamentos estéticos, a Socila Beauté, quando Maysa voltou para BH. No início dos anos 1970, foi dada uma concessão da marca para o funcionamento de uma filial Socila em Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte e dirigida por Homero de Almeida Fontes, Marita Rosário Machado, Léa Assunção e Maysa Ganz. Uma mansão do elegante Cidade Jardim foi a primeira sede. Dali, foram inauguradas duas casas no Mangabeiras.

Maysa Ganz, Maria Augusta, Mariza Mendes Andrade e Lizaura Pinto Simões

“NUNCA SE TEM UMA SEGUNDA CHANCE DE CAUSAR UMA PRIMEIRA BOA IMPRESSÃO”

 

“Maria Augusta foi uma pioneira, corajosa e valente, realmente espetacular”, afirma Maysa. “Viajou o mundo inteiro, frequentou a alta sociedade internacional, marcou uma época”, relembra. Maysa gosta de citar uma frase que a mestra criou e não se cansava de repetir: “Nunca se tem uma segunda chance de causar uma primeira boa impressão”.

 

Na verdade, a história da Socila começou quando Maria Augusta foi convidada pela primeira dama do país Sarah Kubitschek (1909-1996) a ensinar postura às suas filhas Márcia (1943-2000) e Maria Estela (Maristela), que iriam debutar em Versailles, o auge da época.

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As aulas para as filhas do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976) fizeram a Socila virar objeto de desejo de qualquer moça bem nascida. Maria Augusta também descobriu e lançou modelos que cruzaram as fronteiras do país e foram fazer sucesso além mar, como a cearense Florinda Bolkan.

A ex-manequim tornou-se uma empresária de sucesso, profissionalizou os desfiles de misses, abriu a primeira agência de modelos da América Latina. Sua vida, definitivamente, está ligada à história da moda, da elegância e da beleza no Brasil.

 

Para Maysa Ganz, o importante é ressaltar o papel de Maria Augusta: “Uma mulher fantástica e corajosa que, apesar de tudo o que sofreu no final de sua vida, quando a Socila foi fechando suas portas, nunca desistiu. Mesmo com a doença  grave que teve nos olhos  e que a levou à  quase total cegueira, nunca se entregou , chegando até a aprender braile para poder ler….”

Maria Augusta morreu no Rio de Janeiro, onde terminou seus dias morando com amigas, depois de seu trágico divórcio de Kaaren Thurman Nielsen, norueguês com quem foi casada por vários anos.

Maysa e seus sócios atuaram na Socila por mais de 25 anos, marcando sua presença em todos os concursos de beleza relevantes ocorridos em nosso Estado. Além do treinamento das Glamour-Girls do colunista Eduardo Curi e das Garotas Turismo do também colunista Nicolau Neto, a Socila era a responsável pelos famosos e prestigiados Concursos de Miss Minas Gerais.

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