O retrato invisível – Crônica

Por: Carlos Ferrer
“Baiano”

A Direita no Brasil tem raízes sólidas e profundas e está onde sempre esteve: pendurada na parede da História. Pouco importa se a Nação vai bem ou mal, desde que seus interesses mesquinhos tragam o aumento de capital.

Sem a Revolução de 1930, o Brasil estaria vivendo do café e da cana-de-açúcar até hoje. Getúlio Vargas pagou com a própria vida a audácia de industrilizar o país e cuidar dos interesses nacionais e dos miseráveis.

Dez anos depois, seus algozes tomaram o Poder. Mataram, torturaram e exilaram pessoas comprometidas com a Nação. Vinte anos depois, ao serem escurraçados, deixaram um país podre para ser governado por oportunistas.

Por sorte, Maluf, Antônio Carlos Magalhães, Palocci e José Dirceu não chegaram à Presidência, mas Sarney, FHC, Lula, Dilma, Collor, Temer, e Bolsonaro, sim. A Idade Média agradece.

Com exceção de Miguel Arraes, políticos como Juscelino Kubitschek, Itamar Franco, Luís Carlos Prestes, Leonel Brizola e João Goulart não deixaram herdeiros políticos. Já os pensadores da Direita têm seus retratos invisíveis pendurados nas paredes do Poder.

O Banco Central, por exemplo, hoje é comandado pelo pirracento neto de Roberto Campos, um ideólogo do Regime Militar. Na parede atrás de sua cadeira, deve estar pendurado o invisível retrato de Carlos Lacerda, sempre com seu sorriso de deboche.

Não diminuir a taxa de juros neste momento é querer ser mais realista que o Rei. E essa postura revela retratos hereditários dos reacionários da política brasileira.

Apesar disso, o Brasil parece magico: cresce enquanto essa gente dorme. E, quando amanhece, os sábias cantam nas palmeiras as melodias que a gente quer ouvir.

P.S.: colocar um treinador estrangeiro à frente da Seleção Canarinha mostra que a Síndrome de Vira-lata que vemos na gestão da nossa economia também está tomando o nosso futebol. Não demora muito, começaremos a trazer coreógrafos da Broadway para fazerem o Carnaval na Sapucaí.