Dia Internacional da Mulher – Mônica Salles Moreira da Costa
AS MULHERES DO ANO DE 2023
Mônica Salles Moreira da Costa
A dor pessoal leva ao voluntariado
Por Fátima de Oliveira
Entrevista e redação
“Trouxe uma borrachinha pro cabelo”? “Eu não. Pra que”? Com essa frase, até então, estapafúrdia, a linda moça de pouco mais de 30 anos e longos cabelos bem cuidados tomou seu primeiro susto ao chegar no serviço de voluntárias da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. *30 anos depois é reeleita presidente da AVOSC , serviço que reunia, até antes da pandemia, 160 mulheres dedicadas, com compromisso definido e até cartão de ponto. Mil leitos estão sobre as costas dessas senhoras responsáveis e com uma característica em comum: doar amor às pessoas doentes.
Estamos falando de Mônica Salles Moreira da Costa, 68 anos, a professorinha que deixou as salas de aula para se dedicar à casa, marido quatro filhos,e cinco netos. Quis a sorte que a linda filhinha Marcela partisse deste mundo, aos oito meses de idade, depois de longo e difícil tratamento, exatamente no lugar onde hoje Mônica dedica parte de sua vida. Foi este sofrimento e muitos outros que permearam sua vida que ajudaram na decisão que se tornou a sua tarefa profissional.
E essas voluntárias não têm apenas tarefas com crianças, mas adolescentes, adultos e idosos passam pelas mãos carinhosas de cada uma delas. E não há doença que lhes afaste de um leito de pediatria, oncologia, maternidade e todas as áreas do hospital.
E também, toda especialidade de sofrimento e de soluções que cada uma, a seu modo, oferece aos pacientes.
É preciso dom
Perguntada qual dos casos mais a emocionou ao longo dessa trajetória, ou qual deles teve que trabalhar tanto ao ponto de se lembrar muito tempo depois, Mônica Salles nem pensa pra falar: “Tivemos o caso de um adolescente problemático, muito revoltado, interno na Santa Casa, depois de um acidente. As voluntárias acharam por bem ensina-lo a bordar. Quem sabe? Não deu outra. O rapaz mudou o comportamento, a mentalidade e o jeito de agir. Foi marcante. Um sucesso”, comemorou a presidente da AVOSC.
O tempo passa e as emoções no trato com os doentes não muda muito, segundo Mônica Salles Ela conta que não há como não se emocionar “ao ver o brilho no olhar das crianças ao entrarem na brinquedoteca. É gratificante ver a alegria de cada uma, os olhinhos brilhando”. E nesse momento não há disciplina profissional que não amoleça os corações.
Nem pela emoção pode-se fugir do compromisso ético de cada voluntária, que não discute política, religião ou outro assunto que possa causar polêmica. O objetivo de cada uma é amenizar sofrimento e não o aumentá-lo. Elas têm medo em algum momento? Certamente, mas o exercício da doação leva este sentimento para outro lugar.
E para exercer a profissão de voluntária
é preciso ter dom, em primeiro lugar. Precisa-
se de maturidade, compromisso, experiência de vida e um pouco de sofrimento. “Sempre fui uma pessoa que doei muito de mim aos outros. Sempre me dediquei às pessoas necessitadas. Tenho sim, este dom. E junto com ele muitos sofrimentos, muitas doenças, muitos riscos, como um acidente automobilístico que quase ceifou nossas vidas, a morte de minha filha e tantos outros…”, conclui Mônica Salles Moreira da Costa, a presidente da AVOSC/Associação das Voluntárias da Santa Casa.
Duas guerreiras fantásticas! Exemplo para as mulheres!
Tive oportunidade de acompanhar o trabalho das voluntárias da AVOSC. Em especial o de Mônica Sales e Solange Braga… que gratificante aprender com elas e entender a doação deste trabalho impecável e de sacrificios vividos que na verdade acredito trazer retornos de crescimento existencial e espiritual.
Um sentido maior nesta vida.
Muito bom saber que existem mulheres a frente desse trabalho com uma cabeça além….tiro o chapéu e parabenizo pelo dia das mulheres mais que especial.
Moema Carneiro